A HQ VISTA COMO MIDIUM: UMA ABORDAGEM DISCURSIVO-MIDIOLÓGICA DO OBJETO EDITORIAL "TURMA DA MÔNICA: ROMEU E JULIETA". DE 2015

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Transcrição do audio de explicação do painel

Olá. Meu nome é Ana Paula Slompo, sou estudante de Linguística da UFSCar. O trabalho que aqui estou apresentando é um recorte de uma pesquisa de iniciação científica que faço com orientação da professora Luciana Salazar Salgado e que é fomentado pela FAPESP. O título do recorte é: A HQ vista como mídium: uma abordagem discursivo-midiológica do objeto editorial “Turma da Mônica: Romeu e Julieta”, de 2015

Levando em conta que Romeu e Julieta é uma das peças teatrais de Shakespeare mais conhecidas e retomadas, sendo encenada em diversas versões até hoje, mais de 400 anos depois de ser inicialmente escrita, buscamos estudar uma versão que obteve muito sucesso em português brasileiro, a da Turma da Mônica, que foi lançada tanto em forma de história em quadrinhos quanto musical, e também LP, em 1978, e um filme para televisão em 1979. 

Nos interessamos pela edição comemorativa de Turma da Mônica:  Romeu e Julieta, lançada em 2015 pelos oitenta anos de Mauricio de Sousa, com capa dura e dourada, que são características que definem edições de luxo, uma edição que dialoga com o sucesso atribuído à adaptação, considerada também um clássico. 

Nos interessa pensar o que faz a HQ ainda ser Romeu e Julieta, ao mesmo tempo que é Turma da Mônica. Entendemos que é possível a identificação de ambos, para isso há um complexo jogo entre um dizer e modos de dizer, para identificar o que faz parte de um e o que faz parte de outro.

Por isso usamos o conceito de mídium, de Debray, ao pensar esse aspecto: a HQ é um vetor de sensibilidade, impondo ao seu leitor certas formas de apropriação e isso se dá porque há uma matriz de sociabilidade evocada nessa sensibilizacão. 

Mídium é um termo da mediologia, o estudo das mediações, ele é constituído por vetores de sensibilidade e matrizes de sociabilidade. Assim, em nosso caso, o mídium é um objeto editorial, a HQ publicada em 2015 em uma ambientação de “história clássica” e “edição de luxo”.

Os diferente suportes, como a HQ e a peça, supõem circulações diversas, e isso tem a ver com o fato de esses vetores de sensibilidade estarem atrelados a certas matrizes de sociabilidade: as instituições discursivas que dão vida a esses objetos, que os produzem e produzem seu valor. 

Também com as mudanças decorrentes de adaptações além do gênero, as implicações geradas são distintas, mudando o ethos discursivo, termo de Maingueneau, daqueles personagens envolvidos. 

Assim, em nossa pesquisa, queremos entender como um dado mídium, a HQ de 2015, participa da produção de um dado ethos. Neste painel, especificamente, mostramos a constituição desse objeto como mídium.