FALA E ESCRITA EM CONTEXTO DE VESTIBULAR: MARCAS DA ORALIDADE EM REDAÇÕES

Autoras: Rafaela Tavares Bassetto e Letícia Jovelina Storto

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Transcrição do audio de descrição do painel

Olá, eu sou Rafaela Tavares Bassetto, discente de Letras Português/Inglês na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Fui bolsista de Iniciação Científica pela Fundação Araucária entre 2019 e 2020 e minha orientadora é a professora doutora Letícia Jovelina Storto. Durante a vigência da bolsa, realizamos pesquisa na área de Linguística voltada especificamente para as marcas da oralidade em textos argumentativos em contexto de vestibular. Podemos ver no painel o título “Fala e escrita em contexto de vestibular: marcas da oralidade em redações”. Para iniciarmos, é necessário entendermos que a fala e a escrita são atividades comunicativas com características próprias, mas que se complementam. Embora a escrita seja mais valorizada, ambas são coerentes e coesas no seu modo. Cada uma apresenta contextos de produção, recepção e circulação próprios, o que determina as características composicionais e estilísticas dos textos. Assim, em situação de vestibular, espera-se que os candidatos não projetem marcas da oralidade em textos escritos.

Esta pesquisa tem por objetivo analisar as marcas da oralidade presentes em textos em contexto do vestibular da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) de 2018, os quais, teoricamente, pertencem ao gênero discursivo artigo de opinião. O método de análise empregado é o hipotético-indutivo; e os procedimentos técnicos são pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Nosso corpus tem caráter empírico, porque foi coletado em situação real de interação, ou seja, são produções de candidatos no ingresso no ensino superior público. O aporte teórico fundamenta-se nos Estudos da Língua Falada em Interação (ELI) e da Análise da Conversação (AC)

Ao examinar os artigos de opinião do vestibular da UENP, constatamos que, mesmo estudantes prestes a entrar para o ensino superior, ainda não conseguem estruturar um texto de forma clara e precisa. As produções menos pontuadas indicam que o candidato não tem uma boa familiarização com as convenções da escrita, muitas ideias se mostram desconexas, sem coesão e sem sentido. Muitos textos fogem parcial ou totalmente do tema. Além disso, neles, são deixadas marcas explícitas do planejamento textual e da oralidade, o que não condiz com o contexto de produção do gênero redação de vestibular. Já nos textos com maior pontuação, vê-se menos marcas da oralidade, apesar de elas ainda se fazerem presentes, tais como: longos períodos, muitas orações intercaladas, presença de marcadores conversacionais etc. 

Por isso, conhecer as características da fala e da escrita colabora para que as marcas daquela não sejam empregadas em textos cuja modalidade seja outra, a escrita, especialmente em contextos de maior formalidade, como é o caso do vestibular. Ademais, obter o maior conhecimento das razões de o aluno transferir práticas da oralidade para contexto de escrituralidade pode levar a projetos que colaborarão com o letramento do estudante da educação básica, com a aprendizagem da escrita por estudantes do Ensino Médio e para a formação docente no curso de Letras da UENP.

Agradeço a Ufscar pela oportunidade de apresentação e a atenção de todos que prestigiaram nosso trabalho.